A preocupação dos pais com o desenvolvimento da aprendizagem dos filhos faz com que invistam em formação complementar, criando oportunidades para o aperfeiçoamento dos estudos, investindo em experiências e rotinas que agreguem valor para a vida.
Estamos vivenciando um tempo em que a percepção que temos é que as crianças ou jovens não querem mais estudar. É uma constatação em conversas com colegas docentes, pais e pessoas que estudam o comportamento estudantil. Contudo, entendemos que há formas diferentes de compreender a atual geração de estudantes, pois encaram o ato de estudar sob uma nova perspectiva.

Foi-se o tempo em que estudar era sinônimo de decorar ou memorizar um conjunto de saberes para serem reproduzidos em provas. E a nota, como medida, de aprovação ou reprovação, avançar ou permanecer na Série/Ano, disciplina ou componente curricular.
O cenário de mudança se evidencia, na medida em que a nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC) traz como elemento inovador, a perspectiva de um currículo organizado a partir das competências. Tal princípio reforça o pensamento de que os conteúdos são base, mas o essencial, que fica para a vida, é o desenvolvimento de competências pessoais e profissionais.
O novo direcionamento do processo educativo, foca não mais o ensino, mas a aprendizagem. Em outras palavras, os docentes precisam se dedicar a ensinar o outro a aprender. Se antes elencávamos nossos objetivos de ensino, agora, requer-se que saibamos listar os objetivos de aprendizagem ou as competências que serão desenvolvidas.
A mudança requer aperfeiçoamento no planejamento, pois não mais focaremos os esforços em planejar conteúdos que serão transmitidos, mas, muito mais do que isso, atividades que desenvolvam a autonomia e o protagonismo dos estudantes. Esse é um dos motivos pelos quais os pais, cada vez mais, procuram complementar a educação formal, com aulas particulares, reforço ou rotinas para aprender a estudar, pois compreenderam que as competências são para a vida, enquanto os conteúdos são passageiros.
Para que consigamos atender os atuais estudantes nas escolas, cada vez mais precisamos de aperfeiçoamento e formação, pois nem sempre o que foi aprendido na universidade é suficiente para a ação pedagógica do presente. E buscar formação docente significa que queremos melhorar nossa prática e, sobretudo, auxiliar, com maior eficácia os estudantes.
Os pais, juntamente com os filhos, procuram processos de aprendizagem, que tragam resultados e contribuam para o desenvolvimento das habilidades e competências, com atitudes e valores humanos. E isso, às vezes, não se encontra na organização escolar atual, pois a mesma, não acompanhou a evolução da sociedade. Ainda temos muitos resquícios de uma educação tradicional, alicerçada na transmissão de conhecimentos.
Entendemos que antes de se preocupar com os conteúdos, devemos traçar o perfil de egresso que queremos, ao final da educação básica. Muitas vezes, a falta de vislumbrar a pessoa que queremos auxiliar a formar, faz com que gastemos tempo e ensinemos os conteúdos que não serão relevantes para a vida dos nossos estudantes.
Introduzir novas rotinas de estudos, focadas na aprendizagem, poderão trazer melhores resultados. Assim, o uso da tecnologia deve ser um elemento complementar, pois há materiais, como vídeos, reportagens, esquemas e outras formas atraentes e com explicações diferentes que facilitam a aprendizagem.
Os recursos tecnológicos convivem muito bem com a atual geração de estudantes, embora caiba aos pais e docentes a tarefa de orientar e selecionar o que é relevante, auxiliando no processo de aprendizagem. É importante determinar o tempo de acesso aos meios tecnológicos, pois o estudante é um ser em formação, e, portanto, precisa brincar, interagir e praticar algum tipo de esporte para ter uma vida saudável. Acrescenta-se horários para a alimentação e essa, de preferência, balanceada e adequada para cada idade.
Os pais também podem ajudar que a criança ou o adolescente, em casa, tenha um ambiente propício para os estudos. O recomendável é que não seja no quarto e nem em ambientes nos quais tenham outros membros da família. Que seja um lugar que distraia o mínimo possível. E, caso os pais percebam alguma dificuldade ou queiram desenvolver melhor a aprendizagem dos filhos, procurar por ajuda de aulas particulares, reforço ou profissionais que contribuíam para que desenvolvam rotinas de estudos.
Como docentes, defendemos que todas as crianças têm talentos e esses devem ser desenvolvidos, tanto em casa, com o apoio dos pais, quanto na escola, no convívio com os colegas e profissionais da educação. A tarefa de educar é uma parceria entre escola e família e não podemos transferir as responsabilidades. É preciso assumir os papéis de pais e docentes, pois assim, estaremos comprometidos com um processo educacional transformador.
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