Estamos vivendo em um período no qual a criatividade perdeu espaço no processo educativo. Os estudantes, na medida em que avançam nos anos de escolaridade, diminuem seu potencial criativo, pois o modelo educacional vigente prioriza a memorização e a reprodução. Todo o potencial que exploramos nas crianças na Educação Infantil e nos Anos Iniciais, desaparece, na medida em que avança nos estudos.
Com isso, não afirmamos que a escola deixa de incentivar a criatividade, longe disso. A questão é que há uma preocupação com o currículo e o ensino dos conteúdos, ficando o desenvolvimento da criatividade em segundo plano.

Mas como podemos estimular a criatividade dos nossos filhos, em casa, durante o tempo em que estamos juntos? A resposta não é simples, mas na medida em que estimulamos que ajudem a pensar soluções para pequenas situações. Em vez de dar tarefas para cumprirem, informar o que é preciso fazer e deixar que os filhos escolham a forma como pretendem executá-la. Envolvê-los em tarefas e atividades cotidianas. Valorizar ideias, ações, tarefas para aumentar a confiança e autoestima. Elogiar as realizações e conquistas, pois assim demonstramos interesse pelas ações concretizadas.
Se for para dar presentes, escolhamos aqueles que estimulem o raciocínio lógico e a criatividade. Caso tenhamos recursos e tempo, matricular os filhos em aulas experimentais, de iniciação científica, pois estimula o pensamento inventivo. Oriente os filhos, quanto ao uso do celular ou outros dispositivos tecnológicos, para que pesquisem sites de curiosidades, charadas, cruzadinhas, sete erros, pois são atividades que requerem competências que nem sempre são aprendidas na escola.
Se tiver tempo, reúna ferramentas e construa objetos, brinquedos com os filhos, pois assim, aprenderão conceitos de matemática, espacialidade, tamanho, espessura, além de manusear ferramentas.
Assistam filmes e séries que requeiram atenção, análise, interpretação, sequência dos fatos e episódios ou cenas. Optem por livros que estimulem a imaginação, a magia, pois fortalecem o pensamento e enriquecem o vocabulário.
Estimulem a socialização, a convivência, a brincadeira em grupos, com os amigos, primos ou irmãos. As brincadeiras de crianças e pré-adolescentes são importantes para o desenvolvimento da personalidade.
A criatividade pode ser estimulada e desenvolvida. É importante que procuremos atividades, desde cedo, associadas ao desenvolvimento de estímulos criativos. Há espaços de formação não escolar que oferecem, além das aulas particulares, reforço escolar, experimentos científicos e atividades que desenvolvem a criatividade. Vale o investimento, pois se forem atividades realizadas com seriedade, ajudarão a ampliar o poder criativo.


Para entender como nós, pessoas adultas, fomos tolhidos em termos de criatividade, basta fazer um pequeno exercício, como por exemplo, solicitar para desenhar uma rosa. Tenho certeza de que você pensou em uma rosa vermelha, com caule, folhes e flor. Talvez com espinhos, mas, os desenhos, se fossem solicitados sem o preâmbulo que fiz, seriam, em sua totalidade, idênticos. Isso significa que tivemos baixo estímulo a criatividade, ao mesmo tempo em que reproduzimos muitas coisas.
O exemplo vale para qualquer representação ou objeto. A forma que vem em nossa mente é a padrão. Assim, ao desenharmos ou representarmos uma casa, gato, xícara, terão pouca diferenciação, pois na vida escolar, o que mais fizemos foi pintar desenhos prontos ou representar coisas padrão.
Agora, você já deve ter brincado de jogos de adivinhação, em que, ou por mímica ou som, imitávamos um animal e os demais precisavam descobrir quem estávamos imitando. Ou as charadas, que requerem raciocínio associativo para descobrir a solução. Esses exemplos ilustram como podemos auxiliar no desenvolvimento da criatividade dos nossos filhos com ações que já fazem parte do cotidiano.
No mundo contemporâneo, valoriza-se muito a habilidade de saber pensar fora da caixa. No entanto, no processo formativo, somos estimulados a nos encaixar num padrão, na medida em que fazemos as mesmas coisas. Um exemplo é na sala de aula, a turma faz a mesma lição, obtém os mesmos resultados e responde as mesmas questões da prova. A ausência de diferenciação contribui para que as crianças não desenvolvam sua criatividade, pois valoriza-se mais a execução do que a criação.
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